Qual a probabilidade de ter um cancro do reto:
Dados dos EUA (cancer.org) mostram que 4% das pessoas desenvolvem um cancro coloretal (cancros localizados no cólon ou reto) ao longo da vida. Destes cancros, 40% são localizados no reto e 60% no cólon.
Existem fatores de risco que aumentam esta probabilidade. Estes fatores podem ser modificáveis (ou seja, podemos eliminá-los) ou não modificáveis.
Fatores de risco modificáveis:
⚖️ Excesso de peso e obesidade
🚬 Tabagismo
🍷 Alcoolismo
🛋️ Sedentarismo
🥩 Algumas dietas ricas em carnes vermelhas e pobres em legumes e frutas
Fatores de risco não modificáveis:
👴 Idade avançada
🏥 História pessoal ou familiar de pólipos ou cancro no intestino
🏥 Antecedentes de doença inflamatória do intestino
🧬 Síndromes hereditários de cancro coloretal (síndrome de Lynch, polipose adenomatosa familiar...)
Em Portugal, o cancro coloretal é o segundo cancro mais frequente.
Não podemos alterar os fatores de risco não modificáveis. No entanto, eliminar os fatores de risco modificáveis é um dos melhores investimentos em saúde que podemos fazer.
Invista em si, na sua saúde e na sua qualidade de vida!
Como investigar: Perante uma suspeita de cancro do reto, a primeira coisa a fazer é um exame digital do reto, também conhecido como toque retal. Este exame permite sentir a lesão, o seu tamanho e posição.
Depois é necessário fazer uma colonoscopia com biópsia da lesão encontrada.
Confirmando-se tratar de um adenocarcinoma do reto (lesão maligna mais frequente do reto) é necessário realizar análises com marcadores tumorais, TC do tórax e abdómen e RMN da pelve.
Em algumas situações é necessário realizar uma ecoendoscopia retal.
Raramente pode ser necessário realizar uma PET.
Se tem, ou suspeita ter, um tumor do reto, procure ajuda especializada. Não comece a fazer "todos" os exames sem um plano definido. Essa atitude prejudica mais do que ajuda.
Um cirurgião geral, com dedicação à cirurgia coloretal, é o melhor médico para o ajudar e aconselhar.
E se não for operado?
Sim, é possível ter um cancro do reto, não ser operado e ficar curado!
Para explicar como é possível, tenho de explicar como surgiu a noção de "watch and wait" no cancro do reto.
Alguns tumores do reto necessitam de fazer radioterapia previamente à cirurgia. Nestes doentes começou-se a verificar que 25% não tinham qualquer tumor no reto operado, ou seja, 1 em cada 4 doentes (que tinham feito radioterapia antes da cirurgia) tinha sido submetidos a uma cirurgia e não tinham tumor (correndo os riscos e consequências da cirurgia de remoção do reto).
Perante esta evidência, começou-se a pensar se era possível identificar os doentes em que a radioterapia tinha destruído por completo o tumor e se era seguro não operá-los (de forma a evitar as complicações e consequências da cirurgia).
Um grupo brasileiro liberado por Angelita Harb-Gama foi pioneiro no desenvolvimento desta opção de esperar e não operar alguns tumores do reto (watch and wait).
Atualmente, esta opção já está difundida em todo o mundo, sendo uma opção segura para o doente.
Contudo, não se pode fazer esta abordagem em todos os doentes com cancro do reto. O tumor tem de ter determinadas características e o doente tem de compreender o seguimento necessário.
Se tem um cancro do reto, pergunte ao seu cirurgião ou oncologista se esta opção é viável para o seu caso. Se for, perceba os riscos e benefícios em não ser operado.
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