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Colectomia direita - técnica, indicações, consequências, complicações e recuperação


Técnica:

A colectomia direita (ou hemicolectomia direita) consiste na remoção do cólon direito (também designado de ascendente) e unir o intestino delgado ao cólon remanescente. Juntamente com a resseção do intestino é também removida a gordura que envolve o intestino, bem como os vasos sanguíneos que irrigam essa parte do intestino e os gânglios linfáticos que estão dispostos ao longo desses vasos. Atualmente a cirurgia é feita, na maioria das vezes, por laparoscopia (pequenos orifícios realizados na parede abdominal por onde entram as pinças e a câmara). Ao contrário do que muitos podem pensar, a laparoscopia não é uma técnica cirúrgica diferente! A técnica cirurgia é a colectomia direita, a forma como entramos na cavidade abdominal é que é diferente. A laparoscopia implica a realização de 4 ou 5 pequenos orifícios enquanto que a laparotomia implica a realização de uma incisão única com vários centímetros para permitir introduzir as mãos e realizar a cirurgia. O que se faz dentro do abdómen é sempre o mesmo - a remoção do cólon direito. A diferença está na "agressividade" cirúrgica. Quando menos invasivos formos (através de laparoscopia) o doente recupera mais rápido e existe uma menor taxa de complicações relacionadas com a incisão cirúrgica, mantendo a mesma segurança e resultados cirúrgicos e oncológicos que o método aberto.


Indicações: As principais doenças que atingem o cólon direito e que podem necessitar de intervenção cirúrgica são: - Doença de Crohn (sendo que a técnica mais habitual é ligeiramente diferente e necessita de remover apenas a parte inicial do cólon direito e a parte terminal do intestino delgado e designa-se de resseção ileocecal) - Pólipos ou outras lesões benignas que não sejam possíveis de remoção por colonoscopia - Neoplasias malignas - Isquemia intestinal


Consequências:

A principal consequência tem haver com o funcionamento do intestino.

Um revisão sistemática (que é um tipo de estudo científico que que reúne os dados de todos estudos relevantes sobre o tema em questão) publicada em 2020 revelou que cerca de 20% dos doentes submetidos a uma colectomia direita apresentavam algum tipo de alterações do trânsito intestinal. As consequências mais frequentes foram a presença de fezes moles, aumento da frequência de evacuações e necessidade de evacuar durante a noite. Contudo, estas alterações melhoram durante o primeiro ano após a cirurgia.


Complicações:

Se considerarmos todas as complicações (das menos graves às mais graves) cerca de 1 em cada 4 doentes vai ter algum tipo de complicação.

A complicação mais temida deste tipo de cirurgia é a deiscência da anastomose (abertura da união que foi feita entre o intestino delgado e o cólon transverso). Esta abertura pode ser apenas milimétrica e implicar pausa alimentar e antibioterapia ou grande e o doente tem de ser re-operado.

Outras complicações são:

- Íleos paralítico (o intestino fica parado e o doente deixa de ter trânsito intestinal, o abdómen começa a distender-se e o doente fica nauseado podendo chegar mesmo a vomitar)

- Lesão de órgãos intra-abdominais como o ureter direito

- Hemorragia

- Infeção e abcesso intra-abdominal

- Infeção da ferida cirúrgica da pele

- Infeção urinária ou respiratória

- Trombose venosa profunda dos membros inferiores ou pulmonar


Recuperação:

Sendo operado por laparoscopia e não ocorrendo qualquer complicação, o doente tem alta nos 3 dias seguintes à cirurgia. Para ter alta o doente deve sentir-se bem e sem febre, ter as dores controladas com a medicação, tolerar dieta oral e ter trânsito para gases (a saída de fezes pode demorar vários dias, especialmente se fez preparação intestinal para a cirurgia, pelo que não é necessário evacuar antes de ter alta).


Após ter alta é importante que siga as indicações do cirurgião.

Genericamente essas indicações são:

- Dieta ligeira (sem gorduras ou fritos durante as primeiras semanas

- Medicação analgésica em SOS

- Administração de enoxaparina nas primeiras semanas (para evitar tromboses), especialmente nas situações em que o doente foi operado por neoplasia do cólon

- Cuidados de penso com um enfermeiro até remoção dos pontos

- Repouso relativo, ou seja, pode e deve caminhar mas evitar pegar em pesos


Os sinais de alerta que deve levar o doente a contactar o seu cirurgião ou a dirigir-se a um serviço de urgência são:

- Febre persistente superior a 38ºC

- Dor abdominal que não alivia com a medicação prescrita

- Vómitos persistentes

- Hemorragia contínua pelo ânus (a perda de algum sangue escuro nas fezes é habitual)


Este tipo de cirurgia altera significativamente a forma como sentimos o nosso corpo a funcionar, pelo que é normal que traga algum grau de ansiedade e preocupação. Por isso, converse com o seu cirurgião! Quanto mais informado estiver sobre as consequências e os sinais a que deve estar atento, mas facilmente ultrapassa esta fase.

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