Ostomias - o que é, preparação a ostomia e complicações
- André Goulart
- 27 de nov. de 2022
- 3 min de leitura

O que é:
O ostomia é a conexão cirúrgica entre uma parte do intestino e a pele (normalmente do abdómen).
As ostomias mais frequentes são as ileostomias (intestino delgado) e as colostomias (intestino grosso). É através destas ostomias que sai o conteúdo intestinal (fezes) para sacos de recolha que se adaptam em torno da ostomia.
As ostomias podem ser temporárias (quando o objetivo é realizar uma 2ª cirurgia para voltar a unir o intestino) ou definitivas (quando já não se prevê voltar a unir o intestino).
Em que situações se pode ficar com uma ostomia?
Atualmente, a maioria dos doentes operados ao intestino (mesmo por situações de cancro) não ficam com uma ostomia. No entanto, existem ainda algumas situações em que isto pode acontecer:
» Situações de urgência em que não é seguro unir o intestino (perfuração intestinal com peritonite, oclusão intestinal...). Estas ostomias habitualmente são temporárias;
» Situações em que se prever que a união do intestino necessita de cicatrizar, e por isso, faz-se uma ostomia temporária para que o conteúdo fecal não passe nesse local;
» Situações em que é necessário remover os esfíncteres do ânus (como nas neoplasias do reto ou ânus). Nestas situações as ostomias são definitivas.
Preparação para uma ostomia:
Conversar previamente com a pessoa que vai ficar com uma ostomia é fundamental!
Antes da cirurgia, o cirurgião deve conversar com o doente e explicar:
» Possibilidade de ficar com uma ostomia
» O porquê dessa possibilidade
» Se é temporária ou definitiva
» Quais os riscos se não tiver a ostomia
» Como vai ser o funcionamento do intestino com uma ostomia
» Alterações na dieta
» Que implicações a ostomia vai ter no trabalho e nas atividades lúdicas
Para além do médico, é primordial que um enfermeiro especialista em ostomia (estomoterapeuta) converse com o doente antes da cirurgia. Nesta consulta o enfermeiro deve:
» Explicar o que é uma ostomia
» Mostrar os diferentes materiais de recolha de fezes (sacos e placas)
» Explicar os cuidados a ter com a ostomia e os materiais que existem para cuidar da ostomia e da pele em torno da ostomia (sprays, pomadas, cintos...)
» Marcar o local da ostomia (a escolha do local correto antes da cirurgia é fundamental; a escolha do melhor local para a ostomia é variável de pessoa para pessoa e deve ser feito por um profissional experiente em ostomias)
Após a cirurgia, o doente é acompanhado por um estomoterapeuta que lhe vai ajudar a lidar e a minimizar o impacto da ostomia no dia-a-dia e mostrar as várias alternativas de produtos de ostomia que existem.
Por exemplo, atualmente existem dispositivos de irrigação que limpam o intestino e permitem não utilizar sacos de recolha de fezes.
Complicações:
Um doente com uma ostomia pode ter complicações imediatamente após a cirurgia ou só uns meses/anos mais tarde.
Complicações imediatas:
» Hemorragia
» Infeção
» Necrose
» Desidratação (especialmente nas ileostomias)
» Complicações com a pele em torno da ostomia
Complicações tardias:
» Complicações com a pele em torno da ostomia
» Prolapso da ostomia (quando muito intestino sai através da ostomia)
» Hérnia para-estomal (aparecimento de um hérnia no local da ostomia)
Enquanto que a maioria das complicações imediatas são tratadas com medidas conservadoras, a maioria das complicações tardias necessitada de um intervenção cirúrgica.
É fundamental o acompanhamento destes doentes pelo cirurgião e pelo estomoterapeuta para evitar algumas complicações e identificar precocemente o seu aparecimento.
Se vai ser operado ao intestino fale como o seu médico. Pergunte-lhe qual é a possibilidade de ficar com uma ostomia e esclareça todas as suas perguntas sobre esta situação.
Não encare a ostomia como um problema. A ostomia é um meio para ultrapassar um problema (quer seja neoplasia ou perfuração). Atualmente existem dispositivos modernos que minimizam o impacto da ostomia no dia-a-dia.
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