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Rastreio do cancro colorretal - quando começar, que exames fazer e marcadores tumorais


Quando começar:

xistem poucas doenças oncológicas cujo rastreio populacional esteja recomendado com benefícios demonstrados.

Em Portugal, as doenças oncológicas com rastreios recomendados são: cancro colorretal (CCR), cancro da mama e cancro do colo do útero.


Relativamente ao CCR, em Portugal a norma da DGS recomenda começar o rastreio aos 50 anos de idade e terminar aos 74 anos. As normas recentes dos EUA já começam a contemplar começar o rastreio aos 45 anos.


No entanto, existem situações em que o rastreio deve começar mais cedo:

⏩​ Ter 1 familiar de primeiro com CCR ou pólipo adenomatoso diagnosticado antes dos 60 anos de idade, 1 familiar de primeiro grau com lesão serreada avançada ou 2 familiares de primeiro grau com CCR diagnosticados em qualquer idade »»» deve-se iniciar o rastreio aos 40 anos de idade ou 10 anos mais cedo que o familiar mais novo com diagnóstico de CCR/adenoma/lesão serreada (o que acontecer primeiro)

⏩​ Ter 1 familiar de primeiro com CCR ou pólipo adenomatoso diagnosticado depois dos 60 anos de idade ou 2 familiares de segundo grau com CCR »»» deve-se iniciar o rastreio aos 40 anos de idade


Que exames fazer: Em Portugal, a norma que determina o rastreio do cancro colorretal (CCR) recomenda a realização de pesquisa de sangue oculto nas fazes a cada 2 anos e realização de colonoscopia se a pesquisa for positiva.

A pesquisa de sangue oculto nas fezes, apesar de poder fazer sentido enquanto recomendação a nível nacional, não é o método de rastreio com mais precisão na deteção de lesões (especialmente nas lesões precoces).


As sociedades internacionais apresentam diversos esquemas de rastreio do CCR:

- Pesquisa de sangue oculto nas fezes anual ou a cada 2 anos

- Pesquisa de DNA fecal a cada 2 ou 3 anos

- Colonoscopia virtual por TC a cada 5 anos

- Sigmoidoscopia flexível a cada 5 anos

- Colonoscopia total a cada 10 anos


Pessoalmente, sempre que possível e o doente concordar, recomendo a realização de colonoscopia total com sedação e com uma boa preparação intestinal. Nesta situação, é um excelente método para detetar lesões precoces e permitir biopsar ou mesmo remover essas lesões no mesmo tempo.

Atenção! Estes esquemas de rastreio aplicam-se a pessoas que não tenham qualquer fator de risco. Porque se houver algum familiar com pólipo ou antecedentes de CCR o intervalo entre os exames de rastreio pode ser mais curto.

Para além disso, a partir do momento em que se detetam um ou mais pólipos, o intervalo entre os exames subsequentes também é mais curto.

E marcadores tumorais? O principal marcador tumoral de cancro colorretal (CCR) é o CEA (antígeno carcinoembrionário).

Apesar de ser um marcador tumoral, a sua pesquisa não serve para diagnosticar um CCR.

E porquê?

» Uma parte significativa dos CCR não tem elevação do CEA, mesmo os doentes com CCR metastizado podem não ter elevação do CEA (assim, um valor baixo de CEA não permite afirmar que a pessoa não tem um CCR)

» Existem outros tumores que podem elevar o CEA como o cancro do ovário, pulmão, mama, fígado, pâncreas e estômago (assim, uma elevação do CEA, mesmo que seja de origem oncológica, pode não quer dizer que seja um CCR)

» Existem outras doenças não oncológicas como as doenças hepáticas e as doenças inflamatórias intestinais que elevam o CEA (assim, uma elevação do CEA pode não indicar a presença de um cancro)


Então, para que serve o CEA?

O CEA é importante para monitorizar a resposta do doente aos tratamentos. É por este motivo que este marcador é doseado antes da cirurgia ou do inicio da quimioterapia. Os marcadores tumorais também podem ser usados para diagnosticar precocemente as recidivas tumorais.




Se está preocupado com a possibilidade de ter um CCR, e tem indicação para rastreio, faça uma colonoscopia. Não pense nos marcadores tumorais com um meio de evitar o rastreio do CCR.

Se tem elementos na família com diagnóstico de CCR ou se tem mais de 50 anos, fale com o seu médico assistente sobre a necessidade de começar o rastreio do CCR.

A descoberta precoce de lesões percursoras de cancro ou mesmo de CCR em fases iniciais pode ser o suficiente para salvar a vida.


Lembre-se:

✔️​​ Se uma lesão percursora for removida não chega a desenvolver cancro

✔️​ Se um CCR for detetado e tratado precocemente a taxa de sobrevivência é de 90%

✔️​ A colonoscopia reduz a incidência de cancro em 89%


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